Prezados Irmãos em Cristo,




Nosso desejo é expandir a Luz de acordo com os preceitos de Cristo, alicerçados na doutrina espírita através das orientações dos Espíritos Superiores, norteados também pela codificação de Allan Kardeck.
Aprender a morrer tornou-se para os orientais uma necessidade ética - Atribui-se à tradição espiritualista oriental a idéia de que os pensamentos finais do moribundo, acalentados por hábito natural, se encarregarão de plasmar o seu futuro corpo, no processo de reencarnação, nele fixando, por aspiração livre, os valores e recursos necessários para o progresso. Certamente, as idéias negativas e deprimentes estabeleceriam comportamentos orgânicos e nervosos em padrões de sofrimento, assim como os anelos nobres dariam gênese a formas e funções harmônicas na vida seguinte, embora sujeitas às imposições cármicas decorrentes das ações praticadas. Em face dessa crença, fazia-se necessário que o homem aprendesse a morrer, cogitando de reflexionar a respeito da fatalidade biológica em consonância com a harmonia íntima, responsável pelas futuras experiências carnais. Aprender a morrer tornou-se, para a cultura oriental ancestral, uma necessidade ética, filosófica e religiosa, tendo em vista a fragilidade e a pequena duração da vida carnal. Segundo a mesma doutrina, aprendendo-se a morrer, está-se aprendendo a viver em níveis superiores de entendimento e ganhos morais, propiciando-se à criatura humana saúde espiritual, plenitude de vida e realização interior.  O apego à sensualidade e aos bens transitórios produz o pavor da morte, redundando em desarmonias internas que de forma alguma impediriam o processo desencarnatório, às vezes apressando-o, em face dos elementos destrutivos que a mente elabora e sustenta. No sentido inverso, a aceitação jubilosa do inevitável faculta a ampliação de tempo nas experiências terrenas, porque o psiquismo compreende que morrer é prosseguir vivendo, apesar da diferença vibratória na qual se expressará a realidade. Ninguém, assim, aprenderia a viver, se não fosse lograda a tarefa de aprender a morrer. De fato, o processo da morte real inicia-se na plenitude das forças, quando a mente se apega e se apaixona por pessoas e coisas, enovelando-se em fixações que pretende permanentes, esquecendo-se da transitoriedade de todas elas enquanto na Terra. (Morrendo para viver, pp. 83 e 84.)

Conforme a experiência corporal, assim será o desligamento espiritual - Para desvencilhar-se das amarras do organismo físico, necessita o Espírito de adestramento e habilidade, que se desenvolvem desde quando deambula encarcerado no mecanismo da reencarnação. As impressões longamente fixadas e as sensações vividas com sofreguidão assinalam profundamente os tecidos sutis do perispírito, impondo necessidades e dependências, que a morte não consegue, de imediato, interromper. Da mesma forma que o processo reencarnatório se alonga desde a concepção até os primeiros momentos da adolescência, num complexo assenhoreamento das células que se submetem aos moldes docorpo de plasma biológico, a liberação da clausura exige um período de adaptação à realidade de retorno, dependendo, de certo modo, dos condicionamentos impostos pelo uso das funções fisiopsicológicas, que geram amarras fortes ou as diluem na sucessão do tempo, em face do teor vibratório de que se revestem as aspirações vividas ou acalentadas. A ruptura dos vínculos de manutenção do Espírito ao corpo é somente um passo inicial na demorada proposta da desencarnação. Normalmente encharcado de impressões de forte teor material, o Espírito se demora mimetizado pelas vibrações a que se ambientou, prosseguindo sob estados de variadas emoções que o aturdem. Quando aclimatado às experiências psíquicas e mediúnicas, mais fácil se lhe faz o desenovelar-se dos grilhões que o prendem à retaguarda, readquirindo a lucidez, cuja claridade racional apressa o mecanismo de libertação. Mesmo assim, necessita de conveniente adaptação, a fim de readquirir as funções que jaziam bloqueadas pelo corpo ou sem uso conveniente, em razão do comportamento carnal. A mente responde, assim, por vasta quota de responsabilidade no fenômeno da morte física. Conforme a experiência corporal, assim se fará o desligamento espiritual. (Processo desencarnatório, pp. 89 e 90.)


Morrer faz parte do compromisso da vida -  Nesse transe, para o qual todos os homens se devem preparar, através de exercícios de renúncia e desapego, torna-se imprescindível o conhecimento da vida espiritual, que estua, atraente, dando curso a quaisquer empreendimentos que, por acaso, fiquem interrompidos... O capítulo mais penoso da convalescença post-mortem é desimpregnar-se das sensações mortificantes que anteriormente o escravizaram. Acostumado a viciações e hábitos perniciosos, que se comprazia em vitalizar com atitudes físicas e mentais, vê-se o desencarnado subitamente interditado de dar-lhes prosseguimento, o que então lhe constitui tormento inenarrável, levando-o a arrojar-se sobre os despojos em decomposição, ávido de gozo impossível, nele próprio produzindo estados umbralinos de perturbação psíquica em que passa a jazer por longo período, ou se atira, por afinidade de gostos, em intercursos obsessivos, em que suas vítimas lhe emprestam o veículo para a nefária dependência... (N.R.: Nefária: nefanda, perversa, abominável.) A morte já não é um ponto de interrogação, como antes, graças às informações dos que lhe transpuseram a aduana e retornam para desvelar os aparentes enigmas que a vestiam com o misterioso e o sobrenatural. O Espírito veste-se e despe-se do corpo obedecendo ao automatismo das leis do progresso, sendo facultado aos que o desejem, pelo esforço e estudo, a aprendizagem e o uso das técnicas de renascer e desencarnar sem choques nem padecimentos, perfeitamente evitáveis. Entendendo que a morte faz parte do compromisso da vida, o homem arma-se de valores para o momento de sua própria libertação, como da libertação dos afetos, que voltará a encontrar na grande pátria de que todos procedemos. Com esse cuidado completa-se o quadro de auxílio aos desencarnados, por parte dos familiares e amigos que permanecerão por mais um pouco no corpo, evitando-se as emissões de ondas mentais de rebeldia e desespero, de mágoa e angústia, que são verdadeiros ácidos que ardem e requeimam naqueles desencarnados em cuja direção se arremessam tais vibrações de desconforto e insatisfação. Morrer é desnudar-se diante da vida, é verdadeira bênção que traz o Espírito de volta ao convívio da família de onde partiu... A experimentação mediúnica desenvolvida pelo Espiritismo é o mais seguro guia destinado a esclarecer o transe da morte e preparar os homens para a inevitável decorrência libertadora, que dependerá, contudo, de cada criatura. (Processo desencarnatório, pp. 90 e 91.)
   
A perturbação após a morte depende de nossa conduta moral - Partindo-se da experiência espírita que elucida o fenômeno da morte, ressuma a filosofia comportamental que se alicerça na moral cristã, lavrada no amor a Deus e ao próximo, a expressar a vivência da caridade sob todas as modalidades e em cuja prática o Espírito evolve, progredindo sem cessar no rumo da plenitude. Como efeito da conduta moral e das aspirações a que se vincula o Espírito, o seu estado de perturbação após a morte do corpo perdura por breve ou largo tempo, fenômeno natural quanto lógico. Quase todos os desencarnados experimentam a turbação que sucede ao desprendimento da matéria. A intensidade e o prazo variam conforme as condições de cada um. As pessoas que viveram para o prazer, usufruindo sensações e gozos desenfreados,  recusam-se a compreender a ocorrência liberadora,  já que  prosseguem fixados aos sentidos  e apetites a que se vincularam, sofrendo inenarráveis angústias por não serem atendidos nos hábitos antigos, mesmo que se esforcem até quase à exaustão. Outros indivíduos, que eliminaram da mente qualquer possibilidade de sobrevivência ao cadáver, hibernam-se, experimentando inconcebíveis pesadelos que decorrem dos fenômenos biológicos em contínua transformação e que neles se impõem por tempo indeterminado. Os onzenários e egoístas, os delinqüentes de qualquer tipo, vêem a tragédia do mau uso que os seus herdeiros ora fazem dos bens avaramente acumulados, assim como as consciências criminosas enfrentam suas vítimas, algumas das quais as perdoam, tornando-se insuportável a presença delas. (Processo desencarnatório, pág. 92, e Perturbação no Além-Túmulo, pág. 93.)

O homem diligente e caridoso tem um despertar suave e rápido - Pior ainda é-lhes a sujeição que passam a sentir sob as vítimas que os descobriram no mundo espiritual e -- inferiores que são -- buscam vingar-se com agressividade, não lhes dando tempo a que recuperem sequer a lucidez a respeito da própria situação. Os que foram arrebatados por morte violenta, por imprevidência, precipitação ou desleixo, em atos suicidas, continuam imantados aos despojos putrescíveis por muito tempo. Os suicidas são aqueles que mais penosa perturbação experimentam, como conseqüência da rebeldia que os alucinou, alongando-se-lhes o drama do momento final, quase que infinitamente, pela impossibilidade mental e emocional de dimensionarem o tempo. A tranqüilidade espiritual na ultratumba deve ser trabalhada adredemente, qual ocorre em qualquer realização, cujo clímax é o resultado de uma programação cuidadosa. Encerrando a vida biológica apenas, a morte, na condição de hábil cirurgiã, interrompe somente os laços que prendem o Espírito ao corpo físico, dependendo daquele a liberação emocional deste último. Quem jamais se preocupou com essa lei da fatalidade orgânica, sofre, com a surpresa que o assalta, as conseqüências do medo, das imagens fantasistas a que se acomodou e da realidade pujante da qual não se pode furtar. O inverso igualmente se dá, facultando ao homem justo e diligente, honesto e caridoso, um suave e rápido despertar, recepcionado pelos amores que o anteciparam e o aguardam felizes... De alguns minutos apenas ou de poucas horas é-lhe a duração do estado aflitivo, perturbador, ou passado em sono agradável, do qual desperta em festa de alegria pelos reencontros formosos. As enfermidades de longo curso, os sofrimentos e provações bem suportados propiciam ao Espírito o lento desprender-se dos condicionamentos mundanos, favorecendo o pensamento com projeções da vida triunfante, que constata com facilidade e rapidez. Todo e qualquer hábito longamente cultivado impregna o indivíduo que se lhe submete, mesmo quando dele deseja libertar-se. (Perturbação no Além-Túmulo, pp. 94 e 95.)

Gledson Barreto

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